PRÉMIOS: Prémio Árvore da Vida, Indie Lisboa 2019
FESTIVAIS: Semaine de la Critique, Cannes; Indie Lisboa; 
(nisto do) deixar dito 
bulindo sob o sol 
ess’areia quent’é África praticamente
vão daqui’as aves d’ilha em ilha
mais depressa chegam a Cabo-Verde 
do qu’ele acaba este dia 
se calhar o céu ouve-nos’igual
a passarada subindo e o Leandro suando na passada arrastando 
a geleira, descruzando a areia, somando à canseira 
grita porque ganhar’é preciso 
sabe no corpo que não dá p’a ter prejuízo 
parece que não diz nada de especial mas vai mal 
e o puto avança, vende p’a comprar esperança 
o q’é q’a gente sabe do outro? em cada rosto’um poço
invisível q’adianta distância 
p’a mesma passagem de nível
REFRÃO
abri odjo quem crê odja realmenti  
tudu alguém é tcheu e diferenti 
invisivel heroi sem midalha 
nu teni ruas pa risolvi 
cada dia ta fica otu mundo pa conteci 
a vida é a folha onde o rapper escreve 
mas no olho há outro texto q’o verso cala
nunca nada é o que parece 
nunca nada é o que se fala
siga: noss’é o dever de reclamar por’escrito 
rap-rito é tarefa, é promessa em grito
o mundo há qu’o deixar dito hoje p’a qu’um dia aconteça
não há quem não conheça corpos dianteiros da força alada
braços e pernas da juventude desaproveitada
gastos no vaivém calado dos passos, desalento dos 
novos escravos pagos a quase nada  
a vida é a folha onde o rapper escreve 
mas no olho há outro texto que o verso cala
nunca nada é o que parece 
nunca nada é o que se fala
gueto vive da noite, entregue à sorte, encostado à morte
na cara os crimes e os castigos, os dias invertidos vestígios 
d’um exército acordando mais um sol d’ir p’a Lisboa de suburbano
o bairro sai todo p’las sombras 
a mulher a trabalhar a dias enquant’o homem serve nas’obras
e na escola os putos nascendo p’a fora dali
estuda o sonho de sair de ti
estuda o sonho de sair de ti 
estuda o sonho de sair de ti
REFRÃO
abri odjo quem crê odja realmenti  
tudu alguém é tcheu e diferenti 
invisivel heroi sem midalha 
nu teni ruas pa risolvi 
cada dia ta fica otu mundo pa conteci 
problema numérico, complô feérico, rap periférico
é argumento sério, dinamite p’o vosso império
voz à medida da gente do mérito intrépido de suar historicamente 
infame carne-continente p’a derrame
mira pronta da bófia que abaf’o sangue: s’é da Cova é gangue
ta studa sonho ki ta sai di bo
ta studa sonho ki ta sai di bo
ta studa sonho ki ta sai di bo
a desgarrada fala p’la carruagem da madrugada 
armada p’la canção irascível, lesada p’la condição d’invisível 
presto p’a destroco, faço de tud’um pouco 
neste País onde nem o imposto pag’o direito a ter rosto
entr’a fuga e o desgosto sou eu a ponte 
unindo por língua-mãe e mar que nem chega p’a horizonte.
Pequeno vislumbre de um ensaio para gravação de cena ''Invisível Herói''
para filme ''INVISÍVEL HERÓI'' de Cristèle Alves Meira (2018)
Letra minha, musicada pelo Teófilo Chantre 
cantada por Lucília Raimundo & Duarte 
obrigada ao Waldyr Pires pelas revisões no crioulo
e ao Lee pelo apoio.
obrigada ao Waldyr Pires pelas revisões no crioulo
e ao Lee pelo apoio.
