Produzido por Edicarte e Longshot, Eduardo Lourenço: Ficção de Si – Intro é assinado pelos escritores Diogo Figueira (By Flávio) e Sabrina D. Marques (Os Fotocines), e artistas Daniel Maia (CoBrA: Operação Goa) e Susana Resende (Aurora Boreal em Reflexos Partilhados), assumindo-se como uma ficção não-autorizada que visa realçar a personalidade transgressora do filósofo e da sua obra. Com sentido de actualidade, reconstruindo livremente uma vida de afectos intelectuais e de acérrima defesa de ideais, inspirada pela musa e esposa Annie Salomon, em que se cruza manifestações oníricas e antecipações de vários tempos, esta ficção abre um grito real contra um mundo em colapso.
Com a obra em produção, os editores Ana Faria (Memória do Açúcar na Madeira) e Vasco Sequeira (O Labirinto da Saudade) publicam esta amostra da BD, complementada por esboços e diário de produção exclusivos, em edição limitada. A produção do projecto pode ser seguida na conta Instagram de Longshot e dos respectivos autores. A edição – e o projecto – vão ser apresentados no dia 25 de Outubro, às 18h, no 35º festival AmadoraBD. O comic está disponível no stand comercial d’A Seita pela duração do evento.
NOTA PESSOAL
Atrás da pública seriedade do pensador, Eduardo Lourenço escondia no bolso um naipe de caras cómicas. Recortando jornais abertos ao lado da torrada com meia-de-leite, divertia-se a troçar com ligeireza do colunista, a escapar ao tedioso catedrático pelos recônditos da Gulbenkian ou a sublinhar os filmes a que previa assistir em sala. Uma feliz proximidade estreitava-nos ao longo da pesquisa para a adaptação docu-fantástica d’O Labirinto da Saudade (2017), por Miguel Gonçalves Mendes. Hoje, volto a juntar-me a Diogo Figueira, co-argumentista, respondendo ao convite para reinventar o Professor à superfície da personagem, desta feita ficcionado pela novela gráfica.
Em 97 anos de lucidez, o colosso Eduardo Lourenço largou um pensamento poliédrico, ora denso, ora lúdico, que inspira revisitações. Interpela-nos a permanente juventude com que reflectiu a portugalidade, o europeísmo e, enfim, a condição universal do ser-estar em auto-exame. Fascinado, dirigia a mais genuína estima a cada um dos que faziam algo que julgasse não saber: fosse dançar, cantar, tocar ou desenhar. Com esse humor tão seu, decerto haveria de espantar-se e ternamente fazer pouco dos bonecos em que Daniel Maia o retrata e Susana Resende o pinta. Haveria, enfim, de rir a bom rir disto de lhe dedicarmos livros aos quadradinhos, na arte de importuná-lo até na Eternidade!
SABRINA D. MARQUES, co-argumentista
PRESS:
https://juvebede.blogspot.com/2024/10/novidade-eduardo-lourenco-ficcao-de-si.html
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